Em toda situação do mundo, seja qual
for o setor, militar ou não, existem os Generais e os soldados.
Generais em suas belas fardas, bem
colocados e bem posicionados na hierarquia, com suas lutas próprias e seus
motivos, envolvem, motivam e mobilizam jovens soldados que nem sempre têm a
mesma luta ou os mesmos motivos. Envolvem, motivam e mobilizam com discursos
sobre vitórias e glórias. Caso esses não envolvam, não motivem nem mobilizem, usam
ameaças de corte marcial.
Os Generais garantem aos jovens
soldados que a guerra será curta, vai durar apenas poucos dias. Eles têm
certeza de que o inimigo irá se render rápido.
Claro, os Generais, mesmo cientes
disso, não informam aos soldados que o inimigo tem mais munição, tem abrigos
melhores, tem água e comida pra aguentar alguns meses de guerra. Os jovens
soldados não avaliam que só têm um cantil e algumas barras de chocolate na
mochila. E a maioria deles nem conseguiu essas coisas com os Generais.
Os Generais ficam em seus gabinetes e
soldados vão pra frente de batalha. Muitos morrem, muitos são mutilados, alguns
sobrevivem, todos dão a vitória aos Generais.
Os Generais, finalmente, ocupam o
território e assumem os postos que pretendiam. Desfilam em carro aberto.
Comemoram uma vitória que talvez não esteja sendo sentida por aquele jovem
sem um braço que sabe que, agora, vai ser difícil arrumar emprego.
Mas os Generais prometeram que a
glória da vitória recairia sobre todos os que tivessem lutado.
Alguém já ouviu falar que, em
qualquer momento da História, os soldados sobreviventes, inteiros ou mutilados,
tenham realmente sido convidados a participar das glórias dos Generais?
Generais têm muitos amigos. Nenhum
deles soldado raso.
Por outro lado, pode-se achar que não
é bom ser General vitorioso em terra devastada e vazia. Os Generais não estão
preocupados com isso. Se a região ocupada for totalmente destruída, eles têm a
promessa de outra região na qual serão recebidos como Generais heróicos que
venceram mas foram penalizados por isso.
No fim, Generais são apenas velhos
soldados que ficaram tempo demais ali até serem promovidos. Mas continuam
tolinhos do jeitinho que eram quando se alistaram.
Tardiamente vão descobrir que outros
exércitos também têm Generais. E eles não precisam de heróis externos. Eles são
os próprios heróis.
Enfim, toda guerra é inútil, como a
História já cansou de mostrar. Não há vitórias. Não há glórias. Quando muito há
discursos. E gente triste, decepcionada, amargurada... ou morta.
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